O fato de a experiência humana situar-se sempre em grupos, fomentou a esperança
de que o estudo nos permitisse descobrir as leis do funcionamento mental que regem
tanto o indivíduo como a sociedade.
O grupo constitui um contexto enriquecido no sentido de proporcionar condições de
prevenção e promoção da saúde, sensibiliza os participantes quanto às vivências
emocionais, possibilita a expressão das tensões e sentimentos, amplia a percepção
e estimula a criatividade. A técnica grupal também se mostra uma forma de intervenção
para o cuidado com o sofrimento psíquico e pode auxiliar para a melhora das relações
humanas.
O tema partiu de minha atuação como psicóloga e da pesquisa de mestrado, concluída
em dezembro de 2008, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, que teve
o apoio financeiro do governo federal através da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Ensino Superior (CAPES).
O estudo foi baseado no método qualitativo que permite observar em profundidade
os fenômenos humanos a partir de uma relação entre o pesquisador e o objeto de estudo.
Teve como objetivo investigar, descrever e compreender alguns fenômenos emocionais
de uma equipe interdisciplinar de uma instituição filantrópica, que presta atendimentos
a uma população carente na área da saúde mental infantil. Para isto foram utilizadas
as reuniões semanais que eram realizadas por tal equipe e nas quais os participantes
tinham o objetivo de refletir sobre suas atividades profissionais.
O grupo era formado por profissionais e estagiários, totalizando 15 pessoas, das
áreas de Psicologia, Terapia Ocupacional, Serviço Social, Fonoaudiologia e Educação
Física. Os membros da equipe enfrentam dificuldades emocionais diárias, como angústias,
inseguranças, impotências, desencontros diante das necessidades dos usuários e das
limitações com o trabalho de saúde mental pública.
Atualmente, observamos um interesse e uma valorização pelos grupos e as relações
entre seus membros. A mídia tem dado mais atenção a assuntos sobre trabalho em equipe,
importância das relações interpessoais para a produtividade e motivação dos trabalhadores.
Observamos, também, cada vez mais o interesse pelo estudo dos pequenos grupos. O
fato de a experiência humana situar-se sempre em grupos, como os familiares, os
políticos, os religiosos, os terapêuticos, de trabalho, fomentou a esperança de
que o estudo dos grupos nos permitisse descobrir as leis do funcionamento mental
que regem tanto o indivíduo como a sociedade.
A psicanálise de grupo, referencial teórico utilizado nesta pesquisa, está cada
vez mais sendo reconhecida como uma forma de compreensão e uma técnica terapêutica
significativa para atingir aspectos inconscientes do ser humano.
O estudo pretende contribuir para uma compreensão mais aprofundada das relações
grupais de forma a instrumentalizar trabalhos desenvolvidos em instituições diversas.
O trabalho voltado para os grupos tem promovido a implementação de novas estratégias
de prevenção e intervenção no campo da saúde mental, em indivíduos ameaçados e ou
excluídos socialmente.
A importância dos grupos também se refere à saúde pública. Em um país como o Brasil,
com tão escassos recursos econômicos e poucos profissionais, com uma quantidade
enorme de pessoas desassistidas, gerando demanda por serviços de saúde, é necessário
organizar e oficializar novas estratégias de atendimento. As ações neste campo devem
ter como alvo grupos e não indivíduos isolados.
A criação de espaços de reflexão sobre as práticas de trabalho também deve ser uma
preocupação constante das Instituições de Saúde e de Educação e fundamentar ações,
incentivando as reuniões de equipe.
As pesquisas realizadas, como essa, têm contribuído para a prática com grupos psicoterápicos
comunitários, institucionais e para o ensino da Psicologia na graduação e pós-graduação.
Cybele Carolina Moretto - Psicóloga, doutoranda em Psicologia pela PUCC e Membro da Diretoria da Associação
Criança
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